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domingo, 13 de novembro de 2011

Não é claro

Poderia hoje permanecer sentado nesta cadeira
Nunca mais me levantar
Aqui viver comigo mesmo e minhas angústias
Sentir sede e negar-me a saciá-la
Repensar minha vida, minhas escolhas, minhas ideias

As ideias deveriam mesmo me interessar?
Poderia hoje permanecer vivendo e vivendo e nunca mais pensar
Entender as coisas com a transcendentalidade inversa de Caeiro
Apalpar a matéria com os olhos de quem vê, apenas isso

A matéria existe pra que a utilizemos
Isso é bem óbvio, hoje vejo
Se o mundo abstrato de verdade é importante
Pra que tanta coisa visível?

Deveria hoje expor minha artilharia de pensamentos incisivos
Cortar meus iguais com meus valores de indivíduo
E tornar social o que existe em mim
E viver transparente, minha matéria em abstrato

E a Bahia, o que tem a Bahia com isso?
O que tem Minas?
O que tem a capital federal?
O que tem você, leitor, com isso?

Respondo-lhe, e respondo-lhe porque sei
E não "respondo-me" como você suporia
Enfim, a resposta:
Sem a Bahia, sem Minas e você o presente texto não o seria
Pois para a existência, não prescinde de "de quê?", "de onde?" nem "para quê?"
Não significa dizer as respostas estão claras
Mas elas existem e são várias
Algumas até não conheço.

Conhece, leitor?
Lê meu texto sem ao menos acrescentar seus pedaços perdidos?
Você poderia hoje permanecer sentado na sua cadeira
Munido de interrogações reticentes
Farto de linhas de afronta
E sentir sede na sede de seu cerne existencial
Negar-se, como eu, a saciá-la
Repensar a minha e a sua vida
As minhas e as suas escolhas
Nossas ideias
E chegar a conclusão nenhuma.

Nobre leitor, o meu texto findou-se
Somente ele
Deleite-se ou sofra!

1 comentário:

  1. "Deleite-se ou sofra!". Faz-me lembrar do Machadiano "Decifra-me ou devoro-te". Parabéns, gostei muito de seu texto. Grande abraço!

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