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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

desApego

Sob a realidade oprimente que agora perturba
Sucumbo ao peso da mente, doença insolente
E sem ao menos escolher remédio de cura
Faço o que posso, oh!, remorso, não me cause loucura!

Não é que eu tenha escolhido o previsto presente,
Não é que eu queira o presente tão vivo e fatal,
Apenas sofro a indiferença do sol ao poente
Que egoísta ilumina e se apaga de mal

Recluso em minha casa, trancafiado em carapaças
Vejo a iminência do meu ato, faço, não faço, tudo em vão
Não é que eu tenha querido tão infurtuna sentença
Mas não me resta um escape, voe longe, meu coração

Após uma vida ferida por um final sem piedade
Celebro a morte, minha morte, e a renascença da outra parte
E mesmo morto de desgosto ouço o choro de lá cessar
Seguindo suspiros de nova vida para o meu grande pesar

Vá com Deus!, exclamo bem alto, para a parte que parte catando os pedaços
Do meu coração, serei racional, pois o que era emoção foi levado pra longe
Espero que volte meus pedaços intactos, remontados, colados por alguém que não sei
Só não quero a minha vida pra sempre polida de razão desmedida e um ego de rei

domingo, 21 de novembro de 2010

Minha vida, uma poesia

Minha  vida é toda uma poesia...
Dos momentos Caeiro
Até Filo- e -sofia.
Das noites de versos
Às palavras vazias.
Das recém madrugadas
Às passadas, vividas.
Dos sermões mal tragados
Ao humilde perdão.

Minha vida é toda uma poesia...
Dos momentos que ia
E hesitei sem pensar.
Dos encontros marcados,
Mal marcados de azar.
Desencontros tolhidos
Aos perdidos ao léu.
Dos verbetes vendidos
Aos mais puros do céu.

Minha vida é toda uma poesia...
Das prosas poéticas
Aos romances sem sal.
Do choro sem lágrima,
Laconismo de Esparta!
Ao disposto frasal.
Dos extremos sem fim
Às medidas medianas,
Entremeios ecléticos,
Um composto de mim.

Não!
Eu cortei uma rima?
Censurei uma métrica?
Arrumei uma desordem?
Baguncei sem razão?

Sim!
Tratei mal meu poema
Caçoei assonâncias
Comi aliterações
Conflitei os meus sons
Suprimi paronímias
Cantei mal meus bordões
E rimei sem querer

Mas, no entanto, contudo
Sou exagero de tudo
De um nada poético
De dizeres perdidos
Em lugares preditos
Com início e fim
De poesia a perdão
De poesia a céu
De poesia até mim
De uma rima a razão
De um poema e um querer
De um fim ao dizer
O intento de agora
De cotar minha vida
Com palavras vividas
Ou outroras de horas
Bem gozadas a esmo
Como o mesmo que ora
Ouso contradizer
Minha vida pra mim.